claveconsciência e a diáspora afrikana

Benguela: Quimbundos, tocadores de Marimba

mo maiê, ilha de itaparica, bahia, 2017

a diáspora do transatlântiko negro criou invisíveis visíveis cordões umbilicais entre a velha áfrika e vários territórios ao redor do mundo, pra onde antepassadxs foram levadxs, depois do grande sequestro. 

o que hoje é o continente afrikano quem sabe talvez até que poderia não ter sido áfrika em sua exuberância, magnificência, em toda sua potência, se tivéssemos por base tudo que foi armado do outro lado… mas a providência divina é tão favorável, que, mesmo que deste continente fossem tirados bons frutos e sementes, devido à represa do tempo conhecida como “NDONGO” (como era chamado em angola o movimento do tráfico, fornecimento de seres humanos capturados tanto nas américas quanto na ásia), sua glória repousa eternamente sobre o solo fértil da terra mãe.

a áfrika foi arrasada depois da chegada dos europeus invasores, que, com sua busca desenfreada por movimentar a roda do comércio, das guerras e da dita religião, provocaram um câncer nas estruturas sociais de povos e civilizações com riquíssima culturas, filosofias, economias, organizações comunitárias, cosmopercepções.

“angola tornou-se o combustível, estando sua vida econômica e comercial mobilizada e baseada na escravidão. tal situação gerou um desequilíbrio econômico naquele país, uma vez que, dele, apenas tirou-se pessoas e produtos, sem que houvesse investimento efetivo no seu desenvolvimento”. (Espaços de Hibridações e de diálogos culturais: o caso bantú . brígida carla malandrino)

Nas embarcações negreiras, o corpo escravizado remava ou se contorcia de banzo. 

Separado à força de sua família e de sua comunidade, Muntu (a pessoa humana) se desfalece, ao ver suas raízes vitais cortadas, decepadas, já que em sua terra vivem fortemente o sentido de comunidade. Só existo porque Tu Existe. Ubuntu. Eu só existe porque você me percebe, me vê, me sente. Tu me percebes, e eu existo.”

“A captura e a separação da família alargada e nuclear desestruturam visceralmente a pessoa de tradição bantú, que perde, nesse momento, a possibilidade de dar continuidade à participação vital, uma vez que foram rompidos os laços de solidariedade vertical e horizontal. Rompendo esses laços, a pessoa tem desfeita a ligação com a participação vital, havendo também a quebra da corrente vital. O ser humano tem, portanto, a sua força vital diminuída. Esgotam-se os motivos pelos quais se vive, uma vez que, dentro da cultura bantú, só se existe pela e na comunidade”. (Brigida Carla Malandrino)

Aqueles SERES arrancados de suas terras, encontraram na cumplicidade do outro e nos movimentos da Música-Dança, uma chispa de força vital (NGOLO), que lhes motivassem a permanecerem vivos.

A travessia forçada pelo oceano Atlântiko (a grande Kalunga) gerou o nascimento de uma grande alkimia – fusão musical, espiritual, política, corporal entre distintas raças e culturas, mesclando para sempre os novos povos, nascidos da hibridação do encontro de sementes vindas de diferentes cantos. 

As sementes filosóficas/artísticas/políticas trazidas dentro de cada corpo, contendo dentro de si códigos genéticos e simbólicos de sua terra matriz, adaptaram-se aos entornos naturais do “Novo Mundo”. Por isso é possível encontrar traços culturais comuns em diferentes países e sociedades americanas.

Christopher Washburne (da Colombia University) cita em um artigo publicado em 1995 na revista “Kalinda! Black Music Research” que: 

“em muitas discussões musicais, estilos de músicas encontradas nas Américas e no Caribe, algumas vezes se referem como procedentes da África. A Salsa não é uma exceção e a seguinte discussão explora o que particularmente é africano nesta música: A Clave!!!, um conceito rítmico encontrado em uma variedade de estilos da América Latina. Similaridades entre o som e a função dos padrões dos instrumentos de ferro africanos (como o gobel ou o agogô) provêm evidências sobre uma teoria das origens da clave e uma conexão evoluída entre a música africana e a salsa”.

Assim como esta conexão entre a música afrikana e a salsa, também existe entre a música afrikana e o samba brasileiro, a cumbia, a música afro-peruana, o candombe uruguayo, etc.

Segundo Letieres Leite, nosso mestre, estes padrões rítmicos são chamados de DNA do ritmo e sua influência vai ser fundamental para direcionar minhas pesquisas sobre a musicalidade/corporeidade afrikana e afro-latina.

Assim, Letieres vem nos falar da “clave-consciência”: 

“Para mim, toda música de matriz afrikana segue um sistema rigoroso de claves. Clave é a menor porção rítmica em que a música gira no entorno. (…) Então eu pensei: Por que não trabalhar a música instrumental a partir dessas ideias? Eu aprendo o ritmo, desconstruo ele, para construir de novo para outros instrumentos poderem tocar”.

Em entrevista para o Programa Passagem de Som, do Sesc São Paulo, Letieres diz que:


“Eu notei que a música instrumental brasileira se focava em dois grandes pólos: o samba e seus derivados e o baião e seus ritmos vizinhos. Eu falo do DNA do Samba, que é a matéria que eu gosto de estudar, que se chama “Sistema de Claves”. A grande abstração da Rumpilezz é promover a transmissão dos desenhos com fidelidade para os instrumentos de sopro e para os instrumentos de base. Eu chamo esse processo de “Universo Percussivo Baiano”. (…) Você pode tocar o samba jazz, o chorinho, pode tocar a bossa nova, bem jazzificada. Eu pensei que eu poderia explorar mais o que eu já conhecia, que era  a música afro-baiana. Aí eu pensei: por que não a música instrumental a partir destas ideias? Em 1984 comecei a colocar essa ideia em prática. A Rumpilezz, na realidade, não foi criada para entretenimento nem para ser uma opção de trabalho. Ela foi criada para provar uma coisa que eu venho defendendo há muito tempo, que é o nível de organização da música percussiva e o nível de estrutura e complexidade que ela tem.”


Brasil foi um grande caldeirão onde se misturaram símbolos de ambos lados da costa do Atlântico (Kalunga).

A concepção do samba se deu ao longo da travessia através da Kalunga. 

Momento em que houve entre os seres/corpos/cidadãos afrikanos a necessidade de sobreviver, de conectar-se a algo que transcendesse a realidade da nova condição imposta, que transcendesse a realidade material da condição de escravizado, algo que conectasse os corpos, os seres “objetificados” de volta à sua condição de ser vivente, de ser mágico, de ser espiritual, filosófico, social.

Assim, o samba nasceu em forma de Música/Dança/Medicina para os filhos da América Afro-ameríndia.

O pulso grave do surdo marca o compasso do corpo do afrikano que tinha que remar para mover os navios, ao compasso da batida do seu coração, cantando canções de sua terra, escutando através das vozes de irmãos e irmãs de outros povos do continente, palavras ditas em outras línguas, que agora se tornavam línguas irmãs.

Assim, depois de ser concebido, o samba sai do mundo espiritual para habitar o mundo físico, quando as embarcações chegam ao Brasil, com os sobreviventes da travessia.

O samba deixa de existir como uma ideia ou uma semente de ritmos e melodias e passa a habitar o mundo da matéria, no ciclo do tempo conhecido como “Kala”, entre os Bakongo.

Aqui a musicalidade dentro de cada afrikano se encontra com a musicalidade do novo mundo. 

Os instrumentos musicais originais são adaptados e viram novos instrumentos, mas em muitos casos, guardam sua estrutura e sua essência. Na América os instrumentos originados da Áfrika foram recriados a partir de memórias, a partir de possibilidades de recursos e matéria prima do Novo Mundo.

Em Kala nasce o samba e vai se adaptando aos novos ambientes.

Como o corpo que dança, o samba vai se adequando ao sotaque corporal de seu próprio vilarejo aos diferentes sotaques de seus parceiros de brincadeira.

A cultura afro-brasileira, em sua essência originária, se harmoniza com as práticas indígenas das Américas. 

Na Música/Dança, por exemplo, é muito comum para ambos os povos danças e cantos circulares e polifônicos, cantos em forma de pergunta/resposta em coros de vozes, uso de palmas e, sobretudo, a consciência da conexão do corpo com os ancestrais e com a terra – a grande matriz geradora da essência da vida.

Tanto para os afrikanos quanto para os indígenas, batucar e dançar é medicina espiritual.

O Samba tem seus ritmos marcados por “Claves” afrikanas e trás em seu interior memórias sonoras e temporais de gerações de afrikanos que atravessaram a Kalunga.

O Samba tem seu ritmo essencial marcado pelo forte pulso nos Navios Negreiros, com seus remos, seus ombros e seus corpos se movendo pelo balanço do mar.
O ritmo marcante e ricamente polifônico da música brasileira é uma de suas principais características. 

Assim, como dito acima, Letieres Leite começou a pensar e a nos fazer pensar sobre a “Clave” da música (seu DNA rítmico), bem marcada em diferentes estilos musicais afro-descendentes. 

Letieres chamou de “Clave-consciência” à busca do músico pela consciência de padrões rítmicos , que marcam diferenças e semelhanças entre estilos musicais.

A “Clave-Consciência” busca que o artista não apenas reconheça tais padrões, mas também incorpore a consciência na execução do instrumento musical durante sua performance.

No Brasil, o samba são muitos sambas. Cada região brasileira vai parir um tipo de samba, com suas especificidades e características. Mas é indiscutível que a cada novo nascimento, o samba trás o poder da resistência e está, geralmente, relacionado ao trabalho. 

O samba nasce nas roças da Bahia – o samba de roda, que tem suas raízes nos cantos, nos lamentos e toques de trabalho de regiões do interior do estado, nas plantações de cana de açúcar e tabaco, ao longo do Recôncavo baiano, entre vilarejos e kilombos, na beira do mar, no trato das baleias, nas festas aos caboclos… 

No Rio de Janeiro, o samba tem suas raízes germinadas de ritmos/manifestações culturais e espirituais como o Jongo, que, por sua vez também deu origem ao ritmo conhecido como o “funk carioca”. 

Posteriormente, o samba se reinventa através das influências de um grupo de baianos que se encontram na casa da Dona Ciata e outras “tias baianas”, que tiveram o papel fundamental de transmitir a cultura popular trazida da Bahia, seja através de práticas de cultos e ritos da tradição afrikanas, seja através do sabor dos quitutes e do teor libertador das festas, reunindo ao seu redor uma vibrante comunidade que, muitas vezes, chegavam a ficar por três dias em festas.

No Nordeste, o samba é o Samba de Côco, que também tem origem relacionada com o trabalho forçado na quebra do Côco, ou no ato de amassar o barro para construir a casa. 

Pessoalmente, encontro uma grande força e influência niger congo no samba matricial.

Dessa maneira, busco encontrar em meu próprio corpo as conexões desativadas entre possíveis caminhos pelos quais atravessaram meus ancestrais em suas próprias travessias pela linha de Kalunga. 

Busco vias de desubstrução, de descolonização deste corpo. Busco maneiras de destroçar as pedras impostas pelos agente dominantes durante esses processos civilizatórios, baseados na exploração e imposição de crenças religiosas, sociais e políticas.

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mo maiê, ilha de itaparica, bahia, 2017

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. fonte: 
– “clave: The African Roots of Salsa.” Kalinda!: Newsletter for the Center for black music Research, Fall (1995): 7-11. Reprinted in Clave (1) 2, (1998): 2-3.
– espaços de Hibridações e de Diálogos Culturais: O Caso Bantú. brígida carla malandrino 

A dimensão espiritual das relações na etnia Dagara, por Sobonfu Somé. Artigo escrito por Issa Mulumba

Qualquer que seja, a filosofia africana é um caminho para analisar em sua particularidade aquilo que é bom e aquilo que nem tanto para o projeto de descolonização e busca da afrocentricidade como meio de garantia de existência dos africanos do continente e da diáspora.
Podemos analisar de maneira afrocentrada a economia da nossa comunidade e o
modo como o dinheiro circula entre os nossos, as oportunidades e capacidade que
os negros têm de fazer algo, os aspectos culturais que mantêm as nossas
tradições vivas e também as nossas relações interpessoais, de amizade e amor na
comunidade.
Certo de que muitas das nossas práticas de vivência em comunidade precisam se manter
vivas e cientes também das nossas peculiaridades enquanto africanos da diáspora
devemos, se quisermos, problematizar o nível das nossas relações, as
possibilidades de envolvimento emocional e como isso está atrelado à nossa
ancestralidade e saúde coletiva na comunidade. Quais seriam as perspectivas de
relacionamento afetivo entre pessoas negras? A liberdade tão pregada nos moldes
de relacionamento de pessoas não negras nos contempla?
Sobonfu Somé, foto: Nut Tmu-ankh
 
À luz da filosofia Dagara, uma das mais de dez etnias conhecidas de
Burkina Faso, a professora e filósofa Sobonfu Somé nos traz as possibilidades
de relacionamento de acordo com a espiritualidade africana. Sobonfu, que saiu
ainda jovem de sua comunidade para ensinar na Califórnia, nos explica que aqui
no ocidente, de algum modo, a espiritualidade não é considerada como
participante do relacionamento, e que essa perspectiva de relação baseada na
romantização do parceiro pode ser motivo para grande frustração. Para a
professora, o relacionamento é um acordo que os espíritos ancestrais já fizeram
no plano espiritual antes mesmo de cada pessoa nascer, e cada ser humano veio
para uma trajetória ou mais com determinadas pessoas, às vezes cobramos dos
nossos parceiros um excesso de romance, uma prova cabal de amor desmedido para
que nós possamos nos sentir verdadeiramente amados, a custo de abdicações e
privações do parceiro. O alto da colina é definido no livro “O Espírito da Intimidade: Ensinamentos
ancestrais africanos sobre maneiras de se relacionar.”
como o momento
inicial das relações vividas no ocidente, em que, embebidos de grande paixão,
os companheiros não tem outro lugar para atingir no relacionamento senão rolar
colina abaixo e prematuramente chegar ao fim, sem dar lugar à vontade
espiritual que os uniu, para que um relacionamento seja saudável deveria
começar de baixo, da base da colina, levando em consideração o tempo e sua
força espiritual para condução das relações. Partilhar uma jornada de companheirismo
com alguém é convidar essa pessoa para uma jornada espiritual em busca da
felicidade, onde objetivos estejam alinhados, onde o respeito, o companheirismo
e ajuda mútua na busca dos objetivos devem ser a tônica da relação,
proporcionar ao parceiro ou parceira as condições necessárias para alçar os
objetivos nessa caminhada juntos, alinhados espiritualmente num acordo que leve
em consideração a construção na vida de ambos, algo que parece bem distante
nesse ocidente em que estamos não é mesmo?
 
Sobonfu Some, especialista em rituais da África Ocidental

 

Parece encantamento e é; até sermos todos configurados como civilização
o mundo sempre foi encantado e o encantamento sempre foi fundamental nas
comunidades tradicionais africanas e aqui no Brasil nos povos indígenas, sempre
houve a dimensão espiritual na forma de estabelecermos nossas relações, como
trazer esses ensinamentos de espiritualidade e ancestralidade para nossas
relações afim de que tenhamos também nesse ponto uma postura afrocentrada e
voltada a nossos termos enquanto africanos da diáspora? Nem todos nós somos
praticantes de religiões afro-brasileiras, mas nós que somos, estamos olhando
para o ‘ngunzo’ e ‘asé’ presente nas nossas cabeças e na energia de criação que
comungamos com nossos corpos? Sentimos nossa espiritualidade de modo libertador
ou aprisionador? Longe de propor uma solução para nossas relações afetivas
Sobonfu nos alerta para os possíveis males da modernidade e do ocidente nas
nossas relações trazendo a espiritualidade como uma possibilidade de fazermos
reflexões e inflexões acerca das nossas jornadas amorosas, um manifesto de
leveza contra hipervelocidade com que enxergamos nossos irmãos e irmãs, negros
e negras, esquecendo do nosso fundo do fundo de subjetividade.
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Este artigo foi escrito por Issa Mulumba

 

Árvore da Memória: Yaya Fall Rokhayatou Guissé e a luta Panafrikana

 
Em janeiro de 2019 estivemos com a Yaye Fall Rokhayatou  Guissé, em sua botique, loja de cosméticos e produtora numa cidadezinha perto de Dakar (no Senegal)
da árvore da memória 

de nossas conversas:

Yaye Fall Rokhayatou  Guissé, no Senegal

 

Salamalecum, bom dia! Bom dia, Brasil! Eu sou
Rokhayatou  Guissé, eu vivo no Senegal,
precisamente em Toubab Jallaw.
Eu sou atriz, estudei música no conservatório e sou mãe de
quatro filhos! Eu sou Panafricanista!
Eu sou discípula de Mame Shake Ibrahima Fall e faço parte da
família de Serigne Sheike Mbantou Fall e
Serigne Moud Abdoulah Panda então, faço parte da
família de Sheike Ibrahima Fall. 



Assim, eu também sou Yaya Fall.

 Eu preparo uma emissão de televisão que se chama “Black Woman Show”.
“Black Woman Show” fala da cultura afrikana, mais
precisamente de tendências do mundo da moda, cultura e do cinema também. 
E por que essa emissão? Porque quero que os afrikanos sejam
afrikanos, quero que nós retornemos aos nossos valores afrikanos!
Eu trabalho com estilistas, criadores,  modelistas … Vamos trabalhar o wax (tecido de
estampa afrikano) …  Para as questões de
estética, vamos trabalhar com salões que apostam no “Naty Hair”, o Cabelo
Natural.  
Desde bem criança que eu me sinto panafrikana … Mas me
tornei ativista desde que conheci Kemmy Sebá. Kemmy Seba, o grande panafricanista
que esteve aqui em Dakar.
Depois de lhe conhecer passei a fazer parte da ONG Gurgence
Panafricanist.
É um combate muito nobre. Nós devemos nos unir, todos os
panafrikanos, devemos nos
unir para que todos os opressores e colonizadores
saiam da Áfrika.
Mo: Aqui em Toubab Jallaw e mesmo em Dakar você conhece muitas pessoas que pensam como você?
 
Mesmo se eles pensam como eu, eles tem medo, porque não é todo mundo que é ativista. Você pode ser panafrikano, mas não ativista, sabe? Eu sei que tem muita gente que é panafrikano mas que não se mostra. Na ONG Yakade a maioria dos militantes são jovens. A diretora da ONG tem 22 anos, ela se chama Deiba Ben So, 22 anos, e sabe o que quer. Ela estudou e é genial, mas é uma jovem! 
 
Mo: Você tem alguma mensagem para os afrikanos, até mesmo para aqueles afrikanos que não nasceram na Áfrika, e estão espalhados pelas terras da diáspora?
Na Europa, eu sei que tem muitos brancos que são afrikanos, brancos que vivem na Europa, que são afrikanos e que vivem como afrikanos. E que tem medo de se afirmar como afrikanos, de deixar sua afrikanidade se aflorar … Por exemplo, se um branco lhe diz a seu pai: “Pai, eu sou afrikano” e seu pai vai pensar: “mas o que ele está querendo dizer com isso?” Então, este tipo de coisa devemos combater na Europa, também. Que as pessoas possam ser livres para ser o que quiserem …
Para os afrikanos eu digo: nós somos afrikanos, nós temos a pele negra! Por que clarear a pele? Por que alisar o cabelo? Eu sou Rasta. Antes tinha longos cabelos alisados, mas depois deixei o cabelo Rasta para ser mais natural … Porque tem afrikanos de pele clara, e tem brancos também que vem para cá para pegar sol e ter a pele mais escura … então naturalmente! Mas tentar clarear a pele, trás doenças para a pele, pode causar até mesmo câncer! Com nossa pele preta nós somos mais fortes! Nós somos mais saudáveis! Somos afrikanos e devemos ter orgulho da cor da nossa pele, orgulho de portar nosso cabelo Afro, como antes! Deixar tudo natural! Naturalmente afrikano!